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Advogado pede documentos e reacende debate sobre Satoshi Nakamoto

Advogado pede documentos e reacende debate sobre Satoshi Nakamoto

Quando James Murphy, advogado americano, entrou com um pedido de Lei de Acesso à Informação (FOIA) contra o Departamento de Segurança Nacional dos EUA em 7 de abril de 2025, o mistério que envolve Satoshi Nakamoto ganhou nova energia. Murphy alega que o governo já sabe quem realmente está por trás do pseudônimo que criou o Bitcoin, e que essa informação está guardada em documentos que ele agora quer ver.

Contexto da solicitação de informação

O pedido de Murphy foi direcionado ao Homeland Security Investigations (HSI), braço investigativo do Departamento de Segurança Interna dos EUA. Ele argumenta que, com base em declarações de 2019 de uma agente especial, o HSI já teria identificado a pessoa ou grupo responsável pela criação da primeira criptomoeda descentralizada.

Segundo Murphy, o FOIA poderia revelar "relatórios internos, gravações de entrevistas e quaisquer análises que a agência tenha produzido". A motivação, segundo publicação feita no X (antigo Twitter) pelo próprio advogado, é “entender se um governo está por trás de uma revolução financeira que mudou o mundo”.

Declarações da agente Rana Saoud e a viagem à Califórnia

O ponto de partida da investigação de Murphy são as palavras de Rana Saoud, agente especial do HSI, proferidas durante um congresso de segurança cibernética em Washington, D.C., em 2019. Saoud revelou que uma equipe de agentes viajou para a Califórnia para encontrar "Satoshi Nakamoto". “Eles descobriram que não era uma única pessoa, mas um grupo de quatro”, contou a agente, acrescentando que o encanto inicial da agência — achar que era só ficção — rapidamente se transformou em curiosidade real.

Saoud descreveu a missão como “uma entrevista informal”. Os agentes teriam se sentado com os supostos criadores, discutido a lógica por trás de uma moeda sem fronteiras e avaliado as motivações ideológicas. Embora nenhum nome tenha sido divulgado, a agente afirmou que o grupo demonstrou “visão de futuro” e “profundo conhecimento de criptografia”.

Teorias da NSA e o documento de 1996

Paralelamente ao relato de Saoud, nas redes sociais — sobretudo no X — floresceu a teoria de que Satoshi Nakamoto seria, na verdade, um agente da National Security Agency (NSA). O ponto de partida dessa narrativa é um memorando interno datado de 18 de junho de 1996, intitulado "How to Make a Mint: The Cryptography of Anonymous Electronic Cash". O documento, assinado por Tatsuaki Okamoto, descreve moedas eletrônicas divisíveis e menciona um algoritmo muito parecido com o SHA‑256, hoje a espinha dorsal da segurança do Bitcoin.

A coincidência entre os nomes “Okamoto” e “Nakamoto” alimentou a suspeita de que o criador fosse, de fato, um pesquisador ligado à NSA. Daniel Roberts, analista de criptografia, reforçou a ideia ao comentar: “Quem tem capacidade de montar um sistema que gera 1 milhão de moedas de forma anônima e ainda cria o algoritmo de hash que hoje domina a mineração? Poucos fora de um laboratório de inteligência poderiam fazer isso.”

Entretanto, The Economist apontou que o memorando da NSA descreve um modelo centralizado, com uma autoridade capaz de controlar e tributar transações, algo totalmente incompatível com a filosofia descentralizada do Bitcoin. A publicação enfatiza que “as ideias apresentadas em 1996 nunca deixaram de evoluir para algo muito diferente do que Satoshi propôs”.

Reações de especialistas e da comunidade cripto

Reações de especialistas e da comunidade cripto

Especialistas em direito digital e economia expressaram ceticismo e curiosidade. A professora de direito da Stanford, Maya Nolan, afirmou que “se os EUA realmente tivessem provas concretas, o uso do FOIA seria apenas a ponta do iceberg; uma revelação desse tipo mudaria as regulamentações globais de cripto”. Por outro lado, desenvolvedores do mundo open‑source, como o brasileiro Rafael Silveira, defenderam que “a força do Bitcoin está na transparência do código, não na identidade de quem o escreveu”.

Na comunidade cripto, o debate acendeu discussões acaloradas em fóruns como Bitcointalk e Reddit. Alguns usuários — conhecidos como “Nakamoto‑watchers” — já criaram timelines detalhadas, correlacionando a data de publicação do documento da NSA com a primeira transação de Bitcoin em janeiro de 2009, tentando encontrar padrões que sustentem a teoria governamental.

Possíveis desdobramentos e próximos passos

Se o FOIA de Murphy for atendido, os documentos poderiam revelar detalhes inéditos: gravações de entrevistas, análises técnicas da equipe do HSI e, possivelmente, relatórios internos da NSA. O que ainda não está claro é se o governo escolherá divulgar tudo ou se vai apresentar apenas trechos redigidos por motivos de segurança nacional.

Enquanto o caso segue nos tribunais, investidores e reguladores observarão atentamente. Uma confirmação oficial de que o Bitcoin teria raízes governamentais poderia influenciar decisões de políticas públicas nos EUA, EU e países que ainda lutam para definir a classificação legal das criptomoedas.

De modo geral, a saga destaca como a história de Satoshi Nakamoto continua a ser um ponto de intersecção entre tecnologia, segurança nacional e finanças. O que sabemos até agora é que, independentemente da identidade real, o legado do pseudônimo permanece como um dos maiores enigmas do século XXI.

Fatos principais

Fatos principais

  • 7 de abril de 2025 – James Murphy entrega pedido FOIA ao DHS.
  • 2019 – Rana Saoud relata entrevista com supostos criadores em Califórnia.
  • 18 de junho de 1996 – NSA publica memorando assinado por Tatsuaki Okamoto.
  • Algoritmo SHA‑256, usado pelo Bitcoin, foi desenvolvido pela NSA nos anos 1990.
  • Especialistas dividem opiniões: alguns veem indícios de envolvimento governamental, outros apontam à independência da comunidade open‑source.

Perguntas Frequentes

O que exatamente James Murphy está pedindo ao governo dos EUA?

Murphy solicita todos os documentos internos, gravações de entrevistas e relatórios produzidos pelo Homeland Security Investigations que mencionem a identidade ou a pesquisa sobre "Satoshi Nakamoto". Ele quer saber se há evidências de que o governo já identificou o criador do Bitcoin.

Quem é Rana Saoud e qual foi seu papel na investigação?

Rana Saoud é agente especial do HSI que, em 2019, falou publicamente sobre uma missão dos EUA na Califórnia para encontrar quem estava por trás do Bitcoin. Ela afirmou ter encontrado um grupo de quatro pessoas, não um único indivíduo, e descreveu a entrevista como “informal” e reveladora.

Qual a ligação entre o documento da NSA de 1996 e o Bitcoin?

O memorando “How to Make a Mint” de 1996, assinado por Tatsuaki Okamoto, descreve moedas eletrônicas divisíveis e menciona um algoritmo similar ao SHA‑256, que mais tarde se tornou o hash do Bitcoin. Essa semelhança alimentou a teoria de que o Bitcoin pode ter raízes em pesquisas da NSA.

Como a comunidade cripto reage a essas revelações?

A comunidade está dividida. Alguns usuários veem nos documentos uma prova de que o Bitcoin foi criado por agentes governamentais, enquanto outros defendem que o código aberto e a descentralização afastam qualquer controle estatal. Fóruns como Bitcointalk e Reddit estão cheios de teorias e timelines tentando conectar os pontos.

Quais são os próximos passos legais para Murphy?

O caso agora depende da decisão do Departamento de Segurança Nacional de liberar ou negar os documentos solicitados. Caso a resposta seja um "exceção" por motivos de segurança nacional, Murphy pode apelar ao Tribunal Federal, prolongando o processo por meses ou anos.

10 comentário

Debora Sequino

Debora Sequino

Ah, porque o governo sempre foi tão transparente, né???

Benjamin Ferreira

Benjamin Ferreira

Se analisarmos o histórico de solicitações FOIA, percebemos que elas raramente resultam em revelações contundentes. O caso Murphy segue a tradição de usar o mecanismo legal para pressionar agências secretas, mas a maioria dos documentos permanece vetada por "exceções de segurança nacional". Ainda assim, a simples existência de um pedido indica que há, ao menos, algum interesse interno em identificar Satoshi. A comunidade cripto tem discutido isso há anos, porém a falta de prova concreta mantém o mito vivo. Vale lembrar que, tecnicamente, a NSA desenvolveu algoritmos como o SHA‑256, mas isso não prova autoria direta. Portanto, o debate continua entre especulação e evidência documental. Em termos práticos, a decisão do DHS será decisiva para moldar a narrativa futura. Se os documentos forem liberados, poderemos finalmente separar ficção de fato.

Ana Lavínia

Ana Lavínia

Bom, a questão é simples: documentos são documentos, mas a CIA gosta de jogar fumaça; então, quem realmente sabe? A resposta pode estar em um arquivo de 30 páginas que nunca sai da gaveta. Enfim, vamos observar.

Ryane Santos

Ryane Santos

Primeiramente, é crucial entender que o FOIA, embora seja um instrumento de transparência, possui inúmeras exceções que permitem ao governo reter informações sensíveis sem a necessidade de justificativa detalhada. Em segundo lugar, o memorandum de 1996 da NSA, embora mencione algoritmos semelhantes ao SHA‑256, descreve um modelo de moeda eletrônica centralizado, o que contrasta diretamente com a filosofia descentralizada do Bitcoin. Terceiro ponto: a agente Rana Saoud descreveu uma entrevista com um grupo de quatro indivíduos, sugerindo que a criação do Bitcoin pode ter sido um esforço colaborativo, possivelmente envolvendo entusiastas acadêmicos. Quarto, a existência de um pedido de FOIA não implica necessariamente que haja prova conclusiva; pode ser apenas uma tentativa de pressionar agências a revelar o que já sabem. Quinto, mesmo que documentos internos confirmem algum envolvimento governamental, a natureza do código‑fonte aberto do Bitcoin garante que qualquer modificação ou backdoor seria detectável pela comunidade. Sexto, observa‑se que as evidências públicas atuais são predominantemente anedóticas, baseadas em correlações temporais entre publicações da NSA e o lançamento do Bitcoin. Sétimo, a comunidade cripto tem historicamente reagido de forma adversa a qualquer insinução de controle estatal, reforçando a narrativa de liberdade financeira. Oitavo, a jurisprudência americana sobre divulgação de documentos de segurança nacional tende a favorecer a retenção, exceto em casos de interesse público claramente demonstrado. Nono, a repercussão política desse caso pode influenciar regulações futuras nos EUA e em outras jurisdições que ainda lutam com a classificação legal das criptomoedas. Décimo, se Murphy obtiver acesso aos arquivos, a pressão da mídia pode forçar o DHS a publicar resumos, ainda que redigidos. Décimo‑primeiro, analisando a estrutura dos documentos de FOIA anteriores, vemos que os relatórios tendem a omitir detalhes operacionais críticos. Décimo‑segundo, há relatos de que o HSI mantém registros de entrevistas com grupos de criptógrafos que nunca foram divulgados ao público. Décimo‑terceiro, a possibilidade de que o Bitcoin tenha sido inicialmente desenvolvido como um experimento governamental não elimina seu valor intrínseco. Décimo‑quarto, independentemente da origem, o ecossistema construído em torno do Bitcoin permanece descentralizado e resiliente. Décimo‑quinto, portanto, a discussão deve focar menos em quem o criou e mais em como garantir que seu uso continue livre de interferências excessivas.

Lucas da Silva Mota

Lucas da Silva Mota

Olha, eu sempre achei que essas teorias são exageradas e que a gente deveria parar de conspirar tanto. O fato de o governo ter interesse não significa que ele tenha criado a moeda. Além disso, mexer nos documentos pode abrir precedentes perigosos. Prefiro focar em como o Bitcoin está sendo usado hoje, não quem o inventou.

Cristiane Couto Vasconcelos

Cristiane Couto Vasconcelos

Concordo, vamos manter o foco nos benefícios atuais do ecossistema.

Deivid E

Deivid E

Esse papo de FOIA é só mais um jeito de atrair atenção; nada de novo.

Túlio de Melo

Túlio de Melo

Entendo seu ceticismo, mas a história mostra que informações são geralmente escondidas até que alguém puxe o saco.

Jose Ángel Lima Zamora

Jose Ángel Lima Zamora

É imprescindível observar que o rigor jurídico do FOIA determina que, salvo exceções claras, todo documento que contenha referência ao assunto solicitado deve ser divulgado. No entanto, o art. 5 da Lei de Segurança Nacional permite a retenção de informações quando houver risco à segurança do Estado. Dessa forma, mesmo que o HSI possua evidências, a decisão final dependerá da análise de risco feita pelo DHS. O contexto histórico revela que, em casos semelhantes, as agências tendem a embargar grande parte dos arquivos, citando "interesse nacional" como justificativa. Contudo, a pressão pública e a cobertura midiática podem levar à liberação parcial, o que seria suficiente para alimentar a narrativa existente.

Marco Antonio Andrade

Marco Antonio Andrade

Legal, então vamos ver se algum trecho sai e, quem sabe, traz um tempero novo pra discussão.

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