Home / Cidade Esponja: Como o arquiteto Kongjian Yu está redefinindo o controle de enchentes nas cidades chinesas

Cidade Esponja: Como o arquiteto Kongjian Yu está redefinindo o controle de enchentes nas cidades chinesas

Cidade Esponja: Como o arquiteto Kongjian Yu está redefinindo o controle de enchentes nas cidades chinesas

O que é a cidade esponja?

Kongjian Yu, arquiteto paisagista formado pela Harvard Graduate School of Design, propôs uma mudança de paradigma na forma como as áreas urbanas lidam com a água da chuva. Em vez de canalizar tudo para redes de tubulação e diques de concreto, a ideia é criar ambientes que imitam a capacidade natural do solo de infiltrar, filtrar e reter água. O termo "cidade esponja" reflete essa capacidade de absorver o excesso de líquido e liberá‑lo lentamente, ajudando a evitar alagamentos repentinos.

O projeto se apoia em três pilares: vegetação nativa, formações de terreno modeladas e zonas úmidas artificiais. Esses elementos trabalham juntos para desacelerar o fluxo da água, capturando sedimentos e poluentes antes que cheguem aos rios. Em períodos secos, esses mesmos espaços funcionam como parques, áreas de lazer e corredores verdes, reforçando a qualidade de vida dos moradores.

Aplicações e impactos globais

Aplicações e impactos globais

Desde o lançamento do programa nacional em 2013, as autoridades chinesas pilotaram a abordagem em 16 cidades e, em poucos anos, expandiram para mais de 250 municípios. O parque Yanweizhou, em Jinhua, exemplifica a prática: o antigo muro de contenção foi removido e substituído por gramíneas, salgueiros, juncos e lagos de transbordamento. O resultado foi a eliminação de enchentes recorrentes e a criação de um espaço estético e ecológico que serve à comunidade.

  • Redução de custos: obras de concreto são caras e requerem manutenção constante; o uso de vegetação e terrenos permeáveis diminui despesas a longo prazo.
  • Filtragem natural de poluentes, melhorando a qualidade da água que chega aos rios.
  • Criação de habitats para fauna urbana, aumentando a biodiversidade nas cidades.
  • Espaços recreativos que promovem bem‑estar e integração social.
  • Flexibilidade diante de eventos climáticos extremos, já que áreas esponja podem expandir ou contrair conforme a necessidade.

O sucesso chinês despertou interesse de cidades ao redor do mundo. Estudos patrocinados pelo Fórum Econômico Mundial mostraram adaptações em cidades dos Estados Unidos, Rússia e Indonésia, confirmando que o modelo é escalável e culturalmente adaptável. A abordagem também se alinha com metas de sustentabilidade e redução de emissões de gases de efeito estufa, ao diminuir a necessidade de materiais de construção intensivos em carbono.

Além de liderar a Turenscape, firma de consultoria baseada em Pequim, Yu leciona na Universidade de Pequim, onde forma novos profissionais para continuar a integração entre paisagismo e infraestrutura urbana. Seu reconhecimento internacional, como o prêmio Cornelia Han Oberlander de 2023, reforça a importância de repensar o planejamento urbano a partir de princípios ecológicos.

6 comentário

Victor Degan

Victor Degan

Essa ideia de cidade esponja é tipo o contrário do que a gente faz aqui no Brasil: encher tudo de concreto e achar que vai resolver o problema da chuva. Mas na China eles entenderam que natureza não é inimiga, é parceira. Esses parques que absorvem água e viram área de lazer? Isso é inteligência, não só sustentabilidade. Imagina se a gente aplicasse isso no Rio ou em São Paulo - dava pra transformar galerias de esgoto em parques lineares. E ainda por cima, as crianças brincariam onde hoje só tem lama e mosquito.

É tipo o que o Kongjian fez: parou de lutar contra a água e começou a dançar com ela. E aí, quem ganha? A cidade. A população. O planeta. Todo mundo.

Isso aqui não é só arquitetura, é filosofia de vida.

Fabrício Cavalcante Mota

Fabrício Cavalcante Mota

Claro, a China faz tudo certo. Enquanto isso, aqui no Brasil a gente ainda tem prefeito que acha que drenar é só colocar uma tubulação e esquecer. Mas se esse tal de Yu é chinês, então é só mais um plano de dominação verde. Eles querem controlar nossas cidades com jardins e salgueiros? Tá bom, mas primeiro que a gente resolva a merda da nossa infraestrutura antes de copiar moda de outro país.

Enquanto a gente não tiver segurança, educação e saúde, não vamos gastar dinheiro com ‘esponjas’. Isso é luxo de quem não tem fome.

Paula Beatriz Pereira da Rosa

Paula Beatriz Pereira da Rosa

Isso é lindo mas ninguém faz nada aqui.

Joseph Etuk

Joseph Etuk

Então a China resolveu que água é coisa que a gente não pode fugir, tem que abraçar. E a gente aqui ainda acha que encher de asfalto e gritar ‘vai passar’ é solução. Tá bom, se o planeta tá se enchendo de concreto, a gente vai se virar com esponja mesmo. Mas acho que o Kongjian tá só tentando fazer um parque que não vira lago de mosquito.

Se eu fosse prefeito, colocava umas esponjas de verdade na rua. Tipo aquelas de lavar louça. Aí a chuva enche e a gente espreme no balde. Pronto. Solução.

Dárcy Oliveira

Dárcy Oliveira

Fabrício, você tá falando de fome enquanto o mundo inteiro tá tentando sobreviver ao clima. A cidade esponja não é luxo, é sobrevivência. E você acha que o concreto vai salvar você da próxima enchente? A água não liga se você é nacionalista ou não. Ela sobe, invade, destrói. E aí? Vai chorar no telhado ou vai construir algo que realmente funcione?

Essa ideia não é chinesa, é da natureza. A gente só esqueceu como ela funciona. E agora tá pagando o preço. Se você não quer isso aqui, vá morar no deserto. Mas não venha dizer que é besteira - você só não quer mudar seu jeito de pensar.

Leandro Eduardo Moreira Junior

Leandro Eduardo Moreira Junior

É imperativo ressaltar que a abordagem denominada "Cidade Esponja", embora aparentemente ecologicamente benéfica, carece de validação empírica robusta em contextos urbanos de alta densidade populacional com infraestrutura obsoleta, como a brasileira. A literatura acadêmica contemporânea, particularmente os estudos de Zhang et al. (2020) e Wang & Li (2021), demonstram que a eficácia desses sistemas depende de parâmetros hidrológicos específicos, como índice de permeabilidade do solo, padrões pluviométricos sazonais e composição edáfica - fatores que não são replicáveis em áreas com solo compactado, poluição por metais pesados e impermeabilização histórica.

Além disso, a implantação de zonas úmidas artificiais em contextos urbanos sem gestão adequada de resíduos sólidos pode gerar focos de vetores, aumentando a incidência de doenças como dengue e leptospirose. O modelo chinês foi aplicado em cidades com governança centralizada, orçamento estatal massivo e controle social rígido - realidade incompatível com a fragmentação institucional e a corrupção endêmica que caracterizam a administração pública brasileira.

Portanto, a adoção uncritical desse modelo constitui uma forma de colonialismo ambiental, na qual soluções tecnocráticas são exportadas como panaceias, ignorando as especificidades locais e os custos sociais ocultos. A solução não está em copiar jardins de Pequim, mas em reformar a governança urbana, investir em saneamento básico e desprivatizar a gestão hídrica. Sem isso, qualquer esponja será apenas um símbolo estético de uma crise não resolvida.

Escreva um comentário